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terça-feira

Todo dia é Dia do Samba.


O samba é que temos de mais original, é o que temos de mais puro. Digo isso porque nenhum outro ritmo ilustra a nossa alma festiva com tanta fidelidade.
-Tem sensualidade?
-Tem sim senhor! – quem nunca ficou boquiaberto com o balanço das cadeiras de uma preta (ou branca) na roda-de-samba? Quem nunca se viu hipnotizado com a lascívia perdoada de uma bunda feminina brincando de provocar na fornalha de um batuque.
Tem romantismo?
Tem sim senho! - aquele malandro cheio de amor no meio do samba, com o molejo e a desenvoltura pensada de quem veio pra conquistar aquela mina, olha pra ela e diz “... quero saciar a minha sede e banhar-me na tua pureza...”- e finaliza já beirando o cangote: “deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro, na beleza desse teu olhar eu quero estar o tempo inteiro.”
Exaltação a vida?
“Eu fico coma pureza das respostas das crianças,
É a vida,
É bonita e é bonita!”

Patriotismo?

“Esse Brasil lindo e trigueiroÉ o meu Brasil BrasileiroTerra de samba e pandeiro...”
Poesia, Crítica social, protesto, otimismo, respeito as suas raízes e muitas outras qualidades são aspectos notáveis no nosso batuque sagrado e profano.
Além disso, tudo o samba tem outras diversas outras características como, por exemplo, ousadia e atualidade. A prova cabal disso é que o primeiro samba a ser gravado em 1917 tinha um nome até moderninho pra época: “Pelo telefone”.
Diz Baden Power que fazer samba não é contar piada, mentira. O humor no samba é uma realidade ou o “pagode do gago” do nosso Bob Marley da favela Bezerrra da Silva, perderia pontos. Nunca conseguiram elitizar totalmente o samba. É que ele é a energia boa que revitaliza o povo.
A vida é dura , a política é podre, a sociedade é desigual mas essa utopia igualitária do nosso sangue latino nenhum ritmo traduz melhor que nosso bom e velho samba. Surgem os batidões os pancadões, as pancadinhas, mas o tamborim segue com seu tácti-tatácti mágico. Porque o samba não foi criado, ele nasceu de um desejo descarado de libertinagem sadia. Veio pra ser um agente libertador do espírito, uma vez que também cura as mazelas de uma alma triste, pois como já disse o poeta na canção: “O bom samba é uma forma de oração.”

Nem adianta tentar me segurar perto de uma roda de samba. Sou uma pessoa relativamente comedida, (isso mesmo, comedida sim, ou quase comedida) mas, perto de uma roda de samba perco as estribeiras. O samba pra mim, tanto o velho quando novo, é um convite a alegria.
Cair no samba é levantar o copo da existência e fazer um brinde a vida.
Salve o dia do samba!


Homenagem de Roberto Kuelho ao dia do samba.

Um comentário:

LINDIOMAR CERQUEIRA disse...

PELO TELEFONE

Gravada originalmente em versão instrumental na Odeon (Casa Edison) em 1916 pela Banda Odeon, e logo em seguida recebendo a versão cantada de Baiano e coro, também pela mesma gravadora e no mesmo ano. Ambas lançadas em discos 78 rpm, ate os dias de hoje já houve dezenas de gravações, por ultimo está no cd ao vivo de MARTINHO DA VILA.


Donga e Mauro de Almeida (1916)

O Chefe da Folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás

Tomara que tu apanhe
Pra não tornar fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço

Ai, se a rolinha, Sinhô, Sinhô
Se embaraçou, Sinhô, Sinhô
É que a avezinha, Sinhô, Sinhô
Nunca sambou, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô

O “Peru” me disse
Se o “Morcego” visse
Não fazer tolice
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse

Ah! Ah! Ah!
Aí está o canto ideal, triunfal
Ai, ai, ai
Viva o nosso Carnaval sem rival

Se quem tira o amor dos outros
Por Deus fosse castigado
O mundo estava vazio
E o inferno habitado

Queres ou não, Sinhô, Sinhô
Vir pro cordão, Sinhô, Sinhô
É ser folião, Sinhô, Sinhô
De coração, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô

Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto

Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor

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