Um adeus a Mirian Makeba

Conhecida no Brasil pela música "Pata Pata", morreu na madrugada de domingo para segunda-feira na Itália, vítima de uma parada cardíaca depois de ter participado em um concerto a favor do escritor Roberto Saviano, ameaçado de morte pela máfia, na região de Nápoles. Uma das vozes mais marcantes do continente africano e um símbolo atuante da luta contra o regime do apartheid, Miriam Makeba passou mal depois de ter cantado por 30 minutos em um show dedicado ao jovem autor do livro "Gomorra" em Castel Volturno. Gomorra é um best-seller que trata da brutalidade da máfia napolitana que após vender 1,2 milhão de exemplares e ser traduzido para 42 idiomas, foi transformado em filme, pelo diretor Matteo Garrone.

Makeba com sua fantástica “Pata pata” a Holanda em 1979 na VARA TV-studios.

Miriam Makeba, também chamada "A imperatriz da canção africana", saiu da África do Sul em 1959, quando o país era comandado pelo apartheid. Ela tentou voltar em 1960, para o funeral da mãe, porém seu passaporte foi revogado e sua entrada, negada. Ela viveu no exílio durante 31 anos nos Estados Unidos, na França, em Guiné e na Bélgica, até seu emocionante regresso a Johannesburgo, em 1990. Na época muitos sul-africanos exilados voltaram ao país, em meio às reformas do então presidente F. W. De Klerk. "Nunca compreendi por quê não podia vir ao meu país", disse a cantora ao retornar naquela época. "Nunca cometi crime algum."O mundo da música está de luto por Miriam Makeba, que aos 76 anos, estava em plena atividade e era conhecida em todo o mundo como a querida "Mama África".